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quinta-feira, 10 de maio de 2007

desarmonia divina parte dois

Assim para certas carências de uma pessoa, para certos fracassos, não há oráculo capaz de prever boas venturas, não ha simpatia capaz de desamarrar, não há reza ou benção que possa afastar tais males, e toda a ciência psiquiátrica atual ou futura nada pode ou poderá fazer.
Ai vale a teoria que vislumbra um fenômeno acontecido há milhões de anos a um filos de primata que contraiu uma doença quando um vírus se instalou em seu cérebro e contaminou todos os outros. Todos os animais que não humanos não precisam de tapinhas no bumbum pra aprender a respirar quando choram, nem precisam de que lhe apertem o narizinho pra aprender a sugar o leite da mãe, nem de andador pra lhe amparar os primeiros passos. Pois há um mecanismo instintivo que são dotados todos quando nascem restando aos pais passar, instintivamente, apenas alguns códigos de defesa e sobrevivência. Mas um vírus se instalou no cérebro daquela espécie de primata e ao longo de centenas de milhares de anos foi-lhe amputando tais capacidades instintivas e a natureza então promoveu caminhos de adaptação desenvolvendo uma faculdade que nenhum outro animal até então experimentara: a faculdade mental de pensar a multi-interpretação de tudo o que há.
Assim somos nós humanos. Esse animal inquieto que nasce e vive toda a sua vida em busca de uma complementação, de algo que perdemos há milhares de anos. Inquietos e angustiados uma boa parte de nossas vidas a buscamos há milhares de gerações a cura desta doença;
Acabo por pensar que, talvez, a evolução natural seja uma desarmonia, que a doença é a própria vontade de poder, a própria existência, que a vida seja como uma chama ateado num punhado de lenha, e de então a chama cresce, e cresce e cresse até incendiar toda a montanha de lenha, produzindo uma esplendida e fabulosa chama que ilumina todo o campo. Mas a chama vai aos poucos consumindo seu próprio combustível, a lenha, até que não reste mais que cinza e tudo se acaba.
Talvez a vida seja uma chama que consome todo a na energia que lhe propicia existir e seja a própria evolução a intensificação desta chama que cresce, cresce até consumir toda a sua energia e reste apenas cinzas e tudo se acabe.

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